sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Heavy Metal e Hard Rock no Brasil, quando tudo começou

As bandas de rock pesado iniciaram seus shows e eram raros em relação há hoje. Mas também nos anos 80 tinha um clima diferente de hoje em dia. Recordo-me quando íamos aos shows das bandas nacionais, a maioria na zona norte, onde as casas de shows de rock abriam seus espaços ao vivo.
Os espaços mais freqüentes eram o Heavy Metal, na Vila Carrão; o Rainbow Bar, no Jabaquara; Carbono 14, no Bixiga; Lira Paulistana, em Pinheiros; Sesc Pompéia, na Lapa; Mambembe, no Paraíso; Radar Tantã, no Bom Retiro; Black Jack, Santo Amaro; Raio Lazer, Moema e também alguns teatros abriam espaço, como o Arthur de Azevedo na Mooca, o João Caetano, Martins Pena. Existiam algumas casas de rock, como o Fofinho, que passava vídeos e ficava na Celso Garcia próximo ao metro Belém, um dos principais pontos roqueiro dos anos 80. Tiffon, Rádio Club, Madame Satã, Masp, Dama Xoc, Latitude 3001, além daqueles shows em frente à Woodstock Discos, na Dr. Falcão.
Um dos responsáveis pela produção de alguns shows, foi Celso Barbieri, que hoje mora em Londres e tem um site sobre a memória do rock nacional. O Celso fez a produção de alguns discos, inclusive trabalhou com o Korzus e Devil Discos. Mas acho que seu forte sempre foi o show business, esteve envolvido nas produções dos shows SP Metal, Cometa Rock, Praça do Rock, entre outros. Luis carlos Calanda da Baratos, pessoal da Rock Brigade e Woodstock. Músicos e bandas sempre envolvidos neste mundo contado abaixo.
Foram várias fases que passamos, tendo de enfrentar o frio nas madrugadas paulistanas. Os shows eram sempre do outro lado da cidade, e sem transporte, tínhamos de passar a madrugada andando, conversando, e vendo os fatos grotescos da noite da cidade grande, mas tudo isso com muita saudade e um aprendizado muito gostoso. Aprendemos a amar esta música pelo sacrifício que fazíamos, pelas pessoas que conhecíamos, pelo próprio clima gostoso de ter sempre algo a fazer. Algumas sensações, algumas cenas sempre vêm à cabeça em certos momentos, me recordo dos shows no Teatro Mambembe, sempre encontrávamos com uma garota loura, muito bonita por sinal, ela estava sempre com uma camiseta preta do Rainbow, capa do primeiro disco, que tem uma mão segurando um arco-íris. As viagens de ônibus de Cotia até o Parque do Carmo, do outro lado da cidade, até o Tatuapé no metrô com vários roqueiros cantando sons do Iron Maiden. Muita bagunça, mas muita diversão. Era um tempo em que nos shows era possível você ver a banda, curti-la e ao mesmo tempo dançar ao som do nosso verdadeiro rock’n’roll.
O lugar que realmente abriu mais espaço foi o Teatro Mambembe, durante a semana, havia várias bandas tocando. O Projeto Meteoro reunia toda terça-feira duas bandas. Durante mais de um mês, religiosamente, eu, o Elizaldo, o Cláudio e o Sérgio, íamos, sempre, sem perder um show. Uma das bandas que mais víamos era o Proteus, uma banda “poser”, como eles mesmo se intitulavam, certa vez, eles fizeram abertura para o Centúrias, que tinha o slogan de “no poser”. Assistimos a um dos primeiros shows do Sepultura em São Paulo, estava super lotado. O espaço Mambembe cabia por volta de 300 pessoas e tinha umas 500 todas exprimidas. Só assistimos umas três músicas. Assisti a uma das duas apresentações do Inox no Teatro Mambembe, de grande qualidade, mas para poucas pessoas. O Inox fez diversos shows, engraçado que na época não foi divulgado, hoje, falando com o Junior e com o Fernando e mesmo após uma matéria na Roadie Crew, percebi que foram diversas apresentações, inclusive no litoral para mais de 30 mil pessoas.
Assistimos dois shows do Harppia, um no Mambembe, junto com uma banda feminina chamada Ozone e outra vez no Teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro, com abertura do Spectrus, me recordo que o vocalista do Spectrus estava servindo o exército e o Cachorrão (ex-Centúrias) fazia o vocal na época. O Harppia estava com um guitarrista, o Flávio Gutok, tocando de cadeira de rodas, com a perna quebrada.
Harppia, Santuário, Abutre, A Chave do Sol, Korzus e Performance fizeram lançamentos de discos em duas noites no Clube Bandeiras em Pinheiros, com apoio da gravadora Baratos Afins. Made in Brazil e Vulcano tocaram no segundo aniversário da Heavy Metal, na Vila Carrão. O Vulcano, de Santos, era engraçado vê-los tocar, o vocalista Angel, urrava o show inteiro e o baterista Laudir Piloni, tocava com ossos humanos ao invés de baquetas, um par de fêmures, que roubou do cemitério do Mongaguá, litoral de São Paulo. O curioso é que o Vulcano gravou quatro discos e um compacto, um independente, outro pela Lunário Perpétuo, pela Rock Brigade... O Made in Brazil, naquele show, apresentou um novo guitarrista, o Wander Taffo (ex-Rádio Taxi). Esse era um daqueles shows que ficávamos até as 6:00 hs para poder vir embora.
A banda que mais assistimos ao vivo foi o Made in Brazil, inclusive o show de gravação do disco Pirata, ao vivo, no Lira Paulistana, com abertura do The Kids, uma banda só de garotos (o baterista, Rick, filho de Oswaldo Vecchione, hoje toca com o pai no Made In Brazil). Aquela noite foi fúnebre, passamos por coisas tipo assalto no ônibus, até uma tentativa de estupro perto do cemitério da Cardeal Arco Verde, brigas no bar, um espancamento por causa de drogas, ainda tínhamos de agüentar o Padiola e o Mosquito juntos. Outro show do Made foi no Sesc Pompéia, primeiro show que assistimos com aquela dupla de gostosas dançarinas, engraçado, muito antes já existiam duplas de dançarinas rebolando no palco.
O Parque da Água Funda nos prestigiou também com a Praça do Rock, um evento que ocorria no primeiro domingo de cada mês. Vírus, Bandrix, Gozo Metal, Harppia, Platina, Destroyer e Lixo de Luxo tocaram pela primeira vez, se não me falhe a memória. O Platina sempre com aquela doença de Whitesnake, neste caso, o vocalista, o Seman, entrava sempre na terceira música, as duas primeiras, Sorte e Stress, cantadas pelo baixista Andria Busic, ai sim entrava o Seman com aquela cara de “deus”, se achando o melhor vocalista do mundo. O Vírus também tinha o Flávio “Pio”, que se achava o Blackmore e ficava a música inteira solando para impressionar as várias mulheres presentes nos shows.
Outro show foi no Parque do Carmo, onde tocou Santuário, brilhante show, Platina e Golpe de Estado. Destaque mesmo para o Golpe que estava lançando seu primeiro disco, e o Catalau insistia em subir numa pilha de caixas-acústicas para ficar cantando em cima delas. Este local era muito bom, um enorme gramado, sem aperto, todos num sol gostoso de fim de tarde, sem confusões, sem nada que pudesse tirar a alegria das mais de mil pessoas que sempre estavam juntas nos fins de semanas para se divertirem. Outro destaque para os shows era a das mulheres que estavam em todas e ao contrário do que muitos pensavam, mulheres bonitas e de cabeça feita sim, algumas malucas, com seus trajes hippies, outras mais “boyzinhas”, mas com grande caráter roqueiro.
O Rainbow Bar tinha nos fins de semana suas atrações, uma das únicas que fui tocou Vodu e Dorsal Atlântica, do Rio de Janeiro. O paulista Vodu estava sempre tocando em toda São Paulo, seu fundador, o André “Pomba”, escrevia para a Rock Brigade. O Dorsal fez um show bem pesado, descartando aquela hipótese de que o Rio de Janeiro só tem samba, um trio potente que não deixa pedra sobre pedra e arrebentou, literalmente, o Rainbow.
O Black Jack também um bar, de propriedade do Paulinho Heavy, ex-Inox. Assistimos ao Firebox, banda do Paulão, ex-Centúrias. Uma outra vez assistimos ao show do Anarca, fomos convidados pelo Rogério, baixista, que tocava numa banda de um amigo, o Cláudio, do Jd. Sabiá, de Cotia. O Anarca tocou clássicos de Rush a Yngwie Malmsteen, além de interpretar suas músicas, não estava muito cheio. Cheio mesmo estava um show do Korzus, fomos com um pessoal de Cotia, e uma amiga, fã de primeira da banda nem chegou a assistir, aquele velho motivo, o pai sabe que a filha foi num show de rock e vai atrás buscar. O Black Jack também é pequeno e tinha mais gente que o permitido, mas como o Korzus é uma daquelas bandas porrada, várias vezes os espaços de perto do palco era aberto, pela forma brutal que o público dançava as músicas, inclusive dois amigos, o Henrique e o Zabolha, que abriam espaço, principalmente nos shows, por causa de suas “massas musculares”, ficávamos sempre na cola dos dois, principalmente também por causa de brigas. Uma vez num show do Guns ‘n’ Roses em São Paulo, queríamos entrar logo para assistirmos a abertura do Rosa Tatuada e na confusão da entrada os guardas vieram para cima do pessoal que não queria organizar a fila, o primeiro a levar “bordoada” foi o Henrique, com 1,98 cm ele apanhou de um guardinha de 1,50 cm, lógico que haviam no local mais de 100 guardas e ele teve de ficar quieto, o que não nos poupou de por muito tempo tirar sarro dele.
O Centro Cultural São Paulo, na sala Adoniran Barbosa, abriu seu palco para Golpe de Estado, A Chave do Sol, e a dois shows inesquecíveis, um da Patrulha do Espaço, que estava com novo guitarrista, o Rubens, ex-A Chave do Sol, também alguns convidados como Hélcio Aguirra do Golpe de Estado e o sempre grande Percy nos vocais. Infelizmente o Sérgio, pouco tempo depois viria a falecer, e bem lembrada a homenagem no disco Quarto Golpe, do Golpe de Estado. O Outro show foi do Made in Brazil, sempre pesado e com vários convidados. O Made sempre foi convidado especial aos shows do Centro Cultural Vergueiro, principalmente nas semanas de blues.
Um dos festivais que mais bandas tocaram foi no Palmeiras, as principais bandas da capital tocaram nesta festa que atravessou toda a madrugada. A Raio Lazer também promoveu seu Festival Heavy, durante todo final de semana do mês de setembro de 1986, duas bandas dividiam o palco, Viper e Mamouth, Karisma e Vírus, Excálibur e abutre, Anarca e Centúrias, Spectrus e Gozo Metal e Improviso e Salário Mínimo. Recordo-me bem destes shows, porque entre uma banda e outra havia uma exibição de luta feminina num ring de lama.
Cometa Rock Festival, no Radar Tantã, com Made in Brazil, Platina, Alta Tensão, Vulcano e Karisma, outro grande espetáculo com casa cheia e grandes bandas, todas com lançamentos de discos. O Masp também realizava shows, um deles o Violeta de Outono em 1986.
Novamente no Centro Cultural Vergueiro, recentemente, em 1998, assistimos aos shows do Made In Brazil, comemorando 30 anos de Rock ‘n’ Roll, também a uma apresentação do Tutti Frutti, Korzus e do Anjos da Noite, nosso “bom” Jovi brasileiro.
Officina do Rock em Santana e Fofinho na Celso Garcia tinham um mesmo objetivo, reunir roqueiros para mostra de vídeos e confraternização. O Fofinho sempre atualizado nos vídeos de shows. Em 1985 Mostrou Combat Tour Live, com Slayer, Venom e Exodus; Deep Purple no Perfect Stranger Tour ‘85; Japan Festival, com Whitesnake, Scorpions, Anvil, Michael Schenker Group e Bon Jovi; Em 1987 o Fofinho por todo ano nos mostrou clássicos como Ufo Tour ‘85, exibido em 30/04; Rush Tour ‘84, em 01/05; Uma amostra de 2 filmes com Metallica, Celtic Frost, Anthrax, Raven e Iggy Pop, exibido em 02/05; Deep Purple live ‘74 e Dokken, em 03/05. O Officina também teve mostras de Raul Seixas, Janis Joplin, Rolling Stones, Deep Purple, Whitesnake.
Em 1981, em São Paulo, mais exatamente no Call Center, Av. Brigadeiro Faria Lima, um engenheiro criou o Rock Show, uma sala de cinema com um telão de 52 polegadas, um projetor Sanyo e lugar para aproximadamente 50 pessoas. Nesta sala, podíamos ver filmes, shows e clips de rock que era quase impossível se ver na tv, o proprietário, o Sr. Afonso Sampaio, junto a um amigo que depois de voltar dos EUA e conhecer várias casas parecidas, traziam fitas de fora para passar no Rock Show, um lugar único na época onde teve o prazer de mostrar Rod Stewart, seu primeiro vídeo, um sucesso. Depois Eric Clapton and Cream, raríssimo. Segundo Afonso, quem mais lotou o cinema foi Never Say Die, do Black Sabbath. Confesso que Live at Pompeii, do Pink Floyd, The Song Remains the Same do Led Zeppelin e Yessongs do Yes, assisti três vezes num dia apenas; lembro-me de ter ficado com a música Roundbout, do Yes na cabeça por semanas cantarolando-a; aquele refrão juntou com o momento e ficou grudento. Iron Maiden, Judas Priest, Twisted Sister, AC/DC, Janis Joplin, Rolling Stones, The Clash, entre outros vídeos fizeram sucesso. O Rock Show anos depois mudou-se para o Bixiga e mais tarde, infelizmente fechou as portas, mas deixou saudades. Ainda me lembro, no Call Center, sua parede azul do lado de fora, com várias assinaturas, formando um painel, com o logotipo “Rock Show” e uma pequena janela, para comprar ingressos. Uma vez, eu e o Elizaldo, fomos para assistir a um show do Judas Priest, mas além de estarmos atrasados, no ônibus que estávamos, havia alguns anarquistas, fazendo a costumeira “zoeira” e passamos direto do Bixiga, até a praça da Bandeira, e não pudemos assistir; outra vez fomos numa segunda-feira e estava fechado, também ficamos sem ver o Judas Priest. Mas como nossa paixão fala mais alto, voltamos na terça-feira, agora sem problemas.
Sempre estive acompanhando toda essa agitação do heavy nacional. Via sempre as mesmas pessoas, e passava frio, fome, cansaço, mas sempre valeu a pena. Tenho orgulho de ter participado de um momento glorioso do heavy metal em São Paulo, junto às bandas, a Baratos Afins, Woodstock, Rock Brigade, Somtrês e todos aqueles amantes do rock. 
O melhor desta época, que infelizmente já passou, é de mostrar o que rolava na cidade de São Paulo, bem no início, quando tudo estava “gatinhando”. Peguei o início e dava força a tudo aquilo, porque estava, e está, em meu sangue. Infelizmente também é não conseguir passar o que realmente estava por dentro, uma sensação gostosa de fazer o que a gente gostava, e num clima de festa, muita alegria e tudo feito com o coração. Isso é o meu mundo, isso é o nosso mundo, isso é o mundo do Heavy Rock!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Iron Maiden, um nome a zelar


O nome Iron Maiden vem de um instrumento medieval, o qual se fechava a pessoa numa caixa com estacas pontiagudas.
A primeira vez que ouvi falar do Iron Maiden foi no Shopping Iguatemi, numa loja de discos chamada Hi-Fi, foi o disco The Numbers of the Beast, a capa não tinha como não chamar a atenção. Logo em seguida vi uma resenha do disco Killers no próprio jornal que a loja oferecia a seus clientes e assemelhei na hora e fui atrás do disco, comprei o The Number of the Beast, importado, na época paguei muita grana e a partir daí nunca mais fui o mesmo. O Ano? Fim de 1983.
Mas muito antes disso o baixista e letrista Steve Harris sonhava em ter uma banda e foi ao lado de Dave Murray que sentiu que aquilo poderia ter dado certo, no início não se comentava a respeito dos nomes que tocavam com eles, com exceção do baterista Clive Burr, mas Dennis Stratton estava em outra guitarra e Paul DI´anno era o vocalista. Inspirados na rebeldia punk, principalmente por causa de seu vocalista, que nunca escondeu ser fã deste estilo, o Iron gravou uma demo chamada The Soundhouse Tapes, por volta de 1978, febre do punk na Inglaterra. Isso chamou a atenção da gravadora EMI que os contratou e gravaram seu primeiro álbum, intitulado apenas IRON MAIDEN. Alguns detalhes: o logo da banda sempre os acompanhou, seu desenhista Derek Riggs fez todas as capas da banda e o terceiro: nas capas do vinil, sempre procurávamos onde ele colocava sua assinatura.
O disco lançado em 1980 foi parar na quarta posição do Reino Unido, embalado por um novo som denominado NWOBHM - New Wave of British Heavy Metal (a nova onda do heavy metal britânico) que consistia também de outras quatro bandas: Saxon, Samson (de onde saiu Bruce Dickinson), Angelwitch e Def Leppard. Sucessos como Running Free, Phantom of the Opera, Iron Maiden, Remember Tomorrow, Charlotte the Harlot e uma curiosidade, lançado em compacto, a música Sanctuary não entrou no LP, só foi incluída no relançamento do cd em 1998.
Este disco abriu as portas para o mundo e turnês como a do Japão foram marcadas, o Iron começou a ser febre em vários países e chamou a atenção do produtor Martin Birch, que havia trabalhado com bandas como o Deep Purple e logo em seguida sai o novo disco, na minha opinião um dos mais secos e pesados da banda: Killers, em 1981.
A banda já contava com uma legião de fãs e uma das curiosidades era a logo luminoso que ficava ao fundo, no início essa era a aparição de Eddie, o mascote da banda, soltava sangue pela boca e caia em cima do baterista. Foi após o single de Running Free que Derek Riggs teve a idéia de dar “vida” ao mascote, e todas as vezes que a banda executava a música Iron Maiden, ele aparecia, o tamanho e o estilo mudavam de acordo com o tema das capas.
Este disco não conta mais com o guitarrista Dennis Stratton e marca o início de uma das melhor duplas de guitarristas da história do heavy metal, o novo guitarrista Adrian Smith/Dave Murray. Nova tour pelo Japão e gravam um EP chamado Maiden Japan, com 5 músicas: Running Free, Remember Tomorrow, Wrathchild, Killers, Inoccent Exile. Mais tarde relançado em cd, o set é muito completo. No Japão este mesmo disco foi lançado com apenas quatro músicas.
Com o sucesso e agenda lotada a banda começa Paul DI´anno não consegue se adaptar ao sucesso e inicia uma série de problemas à banda entre elas o uso contínuo de álcool, misturado ao vício de cocaína. Steve Harris não pensa duas vezes e demite o cantor, com a alegação de que Paul era autodestrutivo e não mais tinha aquele carisma inicial que a banda precisava. Para seu lugar é chamado o vocalista da banda Samson, conhecido como Bruce Bruce. Logo de cara Bruce grava The Numbers od the Beast (1982), o maior sucesso da banda. Mas nada foi fácil, pois os fãs não aceitavam a saída de Paul e por diversas vezes Bruce foi vaiado. Mas com o carisma de Bruce e o sucesso do álbum, as coisas se inverteram e o disco passou a ser a maior vendagem da banda. Sucesso como a faixa título, Run to the Hills, Hallowed be thy Name, 22 Acacia Avenue. Deste disco saem dois videoclipes.
1983 um novo disco, novamente sem outro membro, desta vez Clive Burr é demitido, ele insiste em permanecer, mas o chefão quer mudanças, acha que ainda não era o que a banda precisava e da banda Trust vem Nicko McBrian. O disco Piece of Mind é lançado e Bruce Dickison se mostra um grande letrista, seu lado “historiador” se mostra e ele escreve letras como To Tame a Land, Fligh of Icarus. Acompanha-se a outros sucessos como The Trooper, Revelation e o disco passa a ser também um dos grandes da banda, muita gente acha que Piece of Mind é melhor que The Number of the Beast.
O disco chega ao terceiro lugar na parada britânica e fica entre os 100 da Billboard. Mesmo com as maçantes turnês a banda encontra tempo para compor e em 1984 lança aquele que é a marca definitiva da banda: Powerslave. O disco abre com um discurso de Churchill, primeiro ministro inglês na época da segunda guerra e logo em seguida o petardo Aces High, segue com Two Minutes to Midnight e se arrasta excelentes músicas como Powerslave.
A banda mostra que está entrosada e sai em turnê com a Powerslave Tour, tocando inclusive no Brasil em 1985, no primeiro Rock in Rio. Foi um dos mais belos palcos criados, com enredo inspirado em temas egípcios. Com a World Slavery Tour, a banda seleciona shows entre eles no  Long Beach Arena, na Califórnia e no Hammersmith, em Londres e lança o petardo ao vivo Live After Death, disco duplo, com uma bela capa de Eddie saindo de sua sepultura após raios e dentro, uma foto gigante com várias pequenas mostrando o que foi esta turnê. Nota 1000.
A partir daí não precisavam mostrar mais nada a ninguém, mesmo assim foi lançado o show em VHS na época assisti no cine Rock Show.
Mais dois disco são lançados, sempre no mesmo nível, e quando se tratava de Iron Maiden, você poderia ter vários discos que queria comprar, mas ao ser lançado, você passava na frente de todos e foi assim com Somewhere in Time (1986). Este disco teve uma fase, diria “experimental”, com guitarras sintetizadas, a própria capa futurista, mas tem músicas como Wasted Years e Heaven Can Wait.
Seventh Son of a Seventh Son (1988) é conceitual, baseada na história de uma criança que é tem poderes exercidos por uma vidente. Este disco marca a última gravação de Adrian Smith.
Após sete anos a banda entra em estúdio com novo guitarrista, Janick Gers, que havia tocado no Gogmagog, com Paul DI´anno e Clive Burr. Janick também tocou com a banda de hard rock White Spirit. Em outubro de 1990 a banda lança No Prayer for the Dying. Foi um disco do Iron que não fez tanto sucesso e a critica achou fraco em vários aspectos.
Então após 1 ano de turnê, entraram novamente em estúdio para gravar Fear of the Dark, em 1992, deste disco, o ponto mais alto foi a música tema e também Be Quick or Be Dead. Na turnê foi gravado A Real Live One e também uma passagem pelo festival Monster of Rock em Donington.
Mas foi nesta época que as coisas se curvaram, Bruce Dickison resolve que é hora de partir e após show de despedida, transmitido ao vivo para o documentário chamado Raising Hell, também o disco A Real Dead One.
Depois de muitos testes de vocalistas, inclusive o brasileiro André Matos chegou a figurar entre os preferidos de Harris, mas não teve jeito, o inglês Blaze Bayley foi oficializado em 1994 e lançaram The Factor X em 1995 e Virtua XI (1998) depois de vários shows, o que parecia, às vezes improvável, aconteceu, Bruce voltou a ser o vocalista da banda e uma tacada dupla, Adrian Smith resolve voltar, e com decisão unânime, três guitarristas. Toda a parte rítmica da banda foi revista e em 2000 Sai Brave New World. O disco foi gravado em Paris e ganhou uma nova legião de fãs, o disco mostra uma maturidade e se assemelha, como alguns diziam, como metal progressivo. Mas o Maiden sempre foi Heavy Metal. Mas quem sabe isso se deva as extensas músicas.
A turnê se entendeu até janeiro, onde a banda participa novamente do Rock in Rio 3, o show foi lançado em cd e DVD.
Em 2003 é lançado Dance of Death e trabalha em diversos projetos como coletâneas, vídeos, e principalmente o DVD duplo The Early Days de 1976-1983, que contém 3 shows, inclusive com Paul DI´anno e outros dois com Bruce. Como é um DVD duplo, o segundo conta a história da banda. Com imagens inéditas, entrevistas os ex-integrantes, cada um tem a sua versão, mas é rico em detalhes.
Com um novo disco A Matter of Life and Death, de 2006, novamente muitos classificam como um trabalho mais voltado ao metal progressivo, o que eleva as vendas de discos da banda.
No ano seguinte a banda se programa para mais uma daquelas imensas turnês: Somewhere Back in Time World Tour, esta turnê mostra algo incomum, a banda viaja num avião próprio e com Bruce Dickinson de piloto, Bruce tem como hobby a esgrima e os aviões. Precisa adquirir horas de vôo, com isso percorre todo o mundo pilotando o que chamaram de Ed Force One (um boing 747). Em toda turnê os registros foram armazenados para o novo DVD Flight 666, que passou antes nos cinemas de todo o mundo.
O disco seguinte The Final Frontier, de 2010, é lançado e a banda sai novamente em exaustiva turnê.
O Iron Maiden é, sem dúvida, a banda mais amada do planeta e isso deveu-se ao trabalho de seu líder, baixista e compositor Steve Harris. Steve colocou a banda em primeiro lugar e deixou gente no meio do caminho, como Paul DI´anno e Clive Burr. A banda, em sua existência colecionou sucessos e discos de ouro, uma imensa discografia e videografia. A banda goza de um prestígio imenso no Brasil, sendo São Paulo um dos lugares que a banda mais gosta de tocar. Tem também em seu mascote, Eddie, como uma das marcas registradas da banda.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Van Halen, à espera de um milagre...



  Todas as grandes bandas têm um diferencial, no caso do Van Halen, seu guitarrista se destaca na imensidão de solos e dedilhados.
   Meu primeiro disco do Van Halen foi o Women and  Children First e depois o Van Halen I, mais tarde fui ao show no Ibirapuera, mas antes comprei o poster que a Somtrês havia lançado e mais ainda, quase fui expulso do colégio, pois naquela época usávamos guardapó e este tinha que ser muito limpo e apenas o emblema do colégio no bolso da frente, até que eu e mais dois amigos pintamos o símbolo do VH nas costa, era vermelho e amarelo, lembro-me da cara do diretor e de muitas pessoas, pois além de tudo, tínhamos  cabelos compridos e já olhavam torto prá gente, mas quanto ao Van Halen...
   Edward e Alex Van Halen moravam em Amsterdã, Holanda, e logo cedo foram para a Califórnia. Filhos de músicos, seus pais eram clarinetistas, Edward tocava bateria e Alex tocava guitarra, mas inverteram os instrumentos (ambos estudavam também piano clássico e serviu de base para o disco 1984 onde Edward toca teclados).
   Ambos tocavam covers de diversas bandas, inclusive dos Kinks, que mais tarde gravariam em seu primeiro disco You Really Got Me. Mas com a mudança na formação, inclusive passando pelo irmão Mark Stone, no baixo, logo colocaram na cabeça que teriam de se profissionalizar e de cara chamaram David Lee Roth para os vocais, David cantava numa banda chamada The Red Balls Jet e mais tarde quando tocaram com os Snakes, se interessaram pelo baixista que também cantava: Michael Anthony. E assim a banda Mammoth estava completa. Como nos EUA já havia uma banda com o mesmo nome e como foi aceito a sugestão de Edward para usarem o sobrenome da banda, aceita pelo restante, estava desta vez criada uma das bandas mais importantes e que revolucionaria toda uma geração de guitarristas: VAN HALEN.
   A banda ficou muito conhecida no circuito de bares de Los Angeles, o que chamou a atenção do produtor Ted Templeman que os levou para assinarem contrato com a Warner (vale lembrar que um tempos antes, Gene Simmons, do Kiss, havia escutado o som da banda e levado para gravar uma demo, sem sucesso).
   Em fevereiro de 1978 lançam seu primeiro disco, intitulado apenas como Van Halen. E começa a saga da banda, de cara o disco vende mais de 2 milhões de cópias nos Estados Unidos e tanto o público como a crítica especializada elogia o disco, que mais tarde vem a ser um dos mais importantes discos de heavy/hard rock. Um dos pontos altos do disco, além do cover dos Kinks, é a faixa Eruption, um solo de guitarra que serviu de base para muitos grandes guitarristas da atualidade e fez com que a partir daí, todos guitarristas devessem pensar sua forma de ver sua guitarra.
   Vale lembrar que nesta época o punk estava em alta e as gravadoras querias contratar apenas bandas punks, e mais a onda discoteca “assombrava” o mundo, mas o Van Halen não se deixou levar e logo em seguida lançou Van Halen II, em 1979, sucessos como Dance The Night  Away, o Van Halen passa a partir de antão a mandar seus concertos, até então abria shows e acabava no fim sendo atração principal, no show de lançamento do primeiro disco por exemplo, abriram para uma das mais importantes bandas de AOR, o Journey.
   1980 chega com o lançamento do terceiro disco, Women and Children First, o disco é diferente dos demais, inclusive é o primeiro a assumirem todas as composições,  mas rocks pesados como Loss of Control e And The Cradle Will Rock que abrem cada lado (na época dos discos de vinil) valem o investimento. Neste mesmo ano fazem sua primeira tour mundial e se autodenominam como “big rock”. David Lee Roth e Alex Van Halen vêm ao Brasil para tentar conseguir datas, mas são planos futuros (David tem um bom português).
   Fair Warning sai em 1981, não gosto deste disco mas há sucessos como Unchained. Diver Down é lançado em 1982 e tráz novamente uma versão, desta vez do Oh Pretty Woman, esmagador sucesso de Roy Orbison e outras versões como mais uma dos Kinks. É impressionante como o Van Halen caracteriza sua pegada, mas guitarra e bateria são inconfundíveis (lembro-me de ver no Fantástico, há muitos anos o clip de Beat It, de Michael Jackson e não tem como confundir, é Edward Van Halen!).
   1983 o Brasil conhece definitivamente o Van Halen e eu estava lá nas arquibancadas do Ibirapuera. Abertura das 3 noites da grande Patrulha do Espaço, que foram escolhidos pelo próprio Van Halen após ouvirem o álbum branco (o terceiro), lembro de duas coisas, da volta do show com o Paulino (in memorian) quando o motorista do ônibus desceu para discutir com um pessoal e ele sentou e fechou as portas, além do ônibus ter algumas meninas que foram no show do Menudo, no Morumbi, no mesmo dia e que choveu muito a tarde antes do show.
   No ano seguinte o Van Halen lançou seu álbum 1984, e seu maior sucesso: Jump e pela primeira vez usava sintetizadores, tocados por Edward. O álbum está entre os 200 do Rock ´n` Roll of Fame. A música Panama também é sucesso e ambas têm video clipe. Mas mesmo com o sucesso, David Lee Roth cai fora e segue carreira solo, o Van Halen tráz Sammy Hagar, e mostra uma cara mais comercial. Sammy também toca guitarra e compõe. Com isso gravam seu novo disco: 5150 e toca nas rádios do mundo inteiro, sucesso como Why Can´t This be Love, Dreams, Summer Nights, Good Enough. Muitos fãs migram para a carreira solo de David Lee Roth, por outro lado, o Van Halen ganha muitos fãs que aprovaram o disco. Nota-se neste disco, a ausência do produtor Ted Templeman.
   Com Sammy o Van Halen grava OU812 (1988), For Unlawful Carnal Knowledge (1991) e Balance (1995), mas após Sammy é despedido por Edward e aceita a volta de David Lee Roth, no qual grava duas músicas inéditas para um Greatest Hits e sai novamente, mas desta vez quem assume o posto é Gary Cherone (ex-Exttrem) e grava o pior pesadelo do Van Halen: III (1998). Este disco foi a pior venda do Van Halen, com isso novamente a banda fica sem vocalista, na verdade, sempre em torno de David.
   Na fase de Sammy foi lançado o álbum Live: Right Here, Right Now em 1993. E o show em vídeo de mesmo nome.
   David volta a banda mas quem está fora é Michael Anthony, substituido no baixo pelo filho de Edward, Wolfsgang Van Halen.  Sammy e Anthony se juntaram e formaram a banda Chickenfoot.
   Edward foi eleito pela revista Guitar player por três vezes consecutivas como o melhor guitarrista e o melhor guitarrista da década de 80.
   O tempo foi passando e o Van Halen apenas faz algumas coletivas prometendo para breve um novo disco. Estamos esperando para nossas noites de sábado ficarem completas novamente.

domingo, 18 de dezembro de 2011

O Punk Rock e suas bandas



Revoltados com uma política de desemprego geral na Inglaterra, alguns jovens saem às ruas em protesto. Suas roupas pretas e o cabelo raspado ou moicanos, as mulheres com cabelos coloridos e fortes maquiagens.
A pobreza e a revolta desses jovens marcaram mais que uma geração. Iniciaram uma ruptura na história da humanidade. Foram tão importantes para os anos 70 quanto os hippies para os anos 60.
Da revolta urbana à música não tardou. Bandas como Led Zeppelin, Pink Floyd, Jethro Tull e Yes não representavam suas revoltas por vários motivos, entre eles as letras não politizadas e principalmente aqueles exaustivos solos de teclados, guitarras, bateria. A própria atitude dos roqueiros era diferente, uma ideologia herdada dos hippies que não era compatível com toda a revolta contida nos punks.

Siouxsie and the Banshees: Steve Severin (baixo), Marco Pironi (guitarra), Sid Vícious (bateria) e Sioux (vocal); Sid foi substituído por Budgie na bateria. Grande nome no Festival do 100 Club. Sioux era grande amiga dos Pistols. Uma das bandas que mais disco gravou no movimento Punk.

Damned: Assim como Sioux foi fundo no punk cru e o clima teatral foi mais representativo. A banda tinha Dave Vanian (vocal), Brian James (guitarra), Captain Sensible (baixo) e Rat Scabies (bateria). Iniciou em 75 e seu término oficial se deu em 1978.

Stiff Little Fingers: Irlandeses que iniciaram a banda em 78 com Jake Bruns (guitarra), Henry Cluney (guitarra), Ali Mcmordie (baixo) e Jim Reilly (bateria), colocando um álbum Nobody’s Heroes de 1980 nas paradas inglesas. A banda terminou em 1982. Teve uma proposta política muito forte e falava das classes trabalhadoras.

Buzzcocks: Howard Devoto (vocal), Pete Shelley (guitarra), Steve Diggle (baixo) e John Maher (bateria). Um dos participantes de um grande festival no 100 Club. A maioria das letras falava sobre sexo adolescente.

Exploited: Escoceses como Wattie (vocal), Smeeks (baixo), Fraz (guitarra) e Hugo Burnham (bateria) formaram uma das bandas mais poderosas do estilo e que muitos dizem que aderiu ao movimento “Oi” ou até que seu som era hardcore. Um dos discos mais antológicos e que marcou o movimento com a frase Punk’s not dead, ou seja, o punk não morreu, um eterno hino dos punks, a banda até 2009 mantinha-se ativa em shows.

Sham 69: Jimmy Pursey (vocal), Albie Maskell (bateria), Andy Nightingale (guitarra), Mark Cain (baixo). Famosos pela violência nos shows, a banda terminou em 1980.

MC-5: Banda norte americana formada por Waine Kramer (guitarra), Fred Smith (guitarra), Rob Tyner (vocal), Michael Davis (baixo) e Dennis Thompson (bateria). O som da banda era mais hard, considerados pais do punk-rock mais pelas letras politizadas e atitudes violentas no palco.

Ramones: Banda americana formada por Joey Ramone (vocal), Johnny Ramone (guitarra), Tommy Ramone (bateria) e Dee Dee Ramone (baixo), os Ramones estavam longe do núcleo inglês, muitos não os consideram punks e muitos os consideram a primeira grande banda punk, mas o que não se pode negar é que foram os primeiros a usar os compassos e o ritmo alucinado do punk. A potência das músicas era a marca registrada da banda, além das músicas curtas, com guitarras secas e sem solos. O Ramones é hoje uma das bandas mais amadas da história do rock. Gravaram verdadeiros clássicos como Do You Remember Rock ‘n’ Roll Radio, Rock ‘n’ Roll High School, Psycho Therapy, Pet Sematary, Sheena is a Punk Rocker. Pelas mortes de Joey, Dee Dee e Johnny, a maior influência punk de todos os tempos se dissolveu e reina no lugar de direito: na história do rock ´n´ roll.

New York Dolls: Também americanos. Dizem ser um dos precursores do punk, mas a banda pregava um visual muito afeminado, apesar de não serem gays, mas o nome era o que queriam: chocar! Mas ficou estranho para um dos pais do punk, apesar da também violência dos shows. Formado por Killer Kane (baixo), Sylvain Sylvain (guitarra), Mister Johnny Thunder (guitarra), David Johansen (vocal) e Jerry Nolan (bateria). Encerrou as atividades em 1977, com três discos. Porém, em 1991 Thunder morreu de overdose de heroína, seguido, por Nolan, um pouco mais tarde, vítima de um ataque do coração. Killer Kane também se foi. O New York Dolls retorna para uma série de shows, inclusive em São Paulo, no Hangar 110, em 2008 com o que restou da formação original ou seja, David Johansen e Sylvain Sylvain.

Sex Pistols: Johnny Rotten (vocal), Steve Jones (guitarra), Paul Cook (bateria), Glen Mattlock (baixo) este último substituído por Sid Vícious no baixo porque gostava dos Beatles, Sid que havia tocado bateria para a banda de Sioux no festival do 100 Club.
Em termos de história, o Sex Pistols, acredito, seja a banda que mais se aproxime da perfeição, se é que tudo contado seja verdadeira e não lenda. Os Pistols racharam, literalmente, o rock, ou melhor, o punk ao meio. Agressivos, marginalizados, subversivos e muito mais: cada dia para os Pistols era um dia diferente, muitas confusões marcaram a banda que durou muito pouco, fizeram, em termos de música, também, muito pouco, mas em muito pouco tempo, eles revolucionaram um meio de vida, uma revolução que iria mudar toda a história do mundo do rock. Sem sombra de dúvidas os anos 70 foram marcados pela iniciativa musical e revolucionária dos punks europeus, principalmente os ingleses.
Os Pistols já demonstravam revoltas a partir dos primeiros acordes das guitarras, acompanhadas de letras do tipo “eu sou um anticristo, eu sou um anarquista... não há futuro para você...” (Anarchy in the UK).
Algumas coisas marcaram sua história como a famosa entrevista para uma TV inglesa, no programa de Bill Grundy, onde o apresentador faz perguntas sujestivas sobre o dinheiro que eles ganharam da gravadora e se esse dinheiro não seria uma contradição à proposta da banda. E a resposta vem com alguns palavrões, falando que o dinheiro foi bem aplicado em “biritas”. Grundy também insinua a respeito de Siouxsie Sioux. Steve não gosta e novamente palavrões: - “Seu porco, seu velho imundo!” Grundy continua a provocar, dizendo que eles ainda têm mais cinco segundos para dizer o que quiserem. - “Seu sujo, filha da mãe”, diz Steve. - “Mais, eu quero mais!” Provoca Grundy. - “Que puta cara canalha, porco escroto!” São as palavras ditas por Steve.
A Inglaterra se envergonhou diante da televisão, que pela primeira vez os palavrões são ditos. Bill Grundy é notícia em todas páginas de jornal, Sex Pistols também são, muitos moralistas ingleses dizem ter quebrado o aparelho de tv.
Os Sex Pistols era notícias também nas viagens, certa vez uma aeromoça declarou, em Amsterdã, que os Pistols eram as pessoas mais nojentas que já conhecera. “Um deles chegou até a vomitar no corredor do avião, outros nos chamava de nomes obscenos”.
Foram atacados, certa vez, por militantes da extrema direita, com facas e canivetes.
Uma das frases célebres de Johnny Rotten, em um show numa única turnê americana, em Winterland, São Francisco. “Vocês já se sentiram que estão sendo explorados”? Sid Vícious, no Texas, afirma que “todo cowboy é viado” e leva uma garrafada na boca.
Assinam contratos com várias gravadoras, entre elas A&M, EMI, VIRGIN, em todas eles arrumaram confusão. Várias vezes foram envolvidos em problemas judiciais. A principal foi a morte de Nancy, namorada de Sid Vicious, que sempre alegou inocência e a própria morte de Sid, por overdose.
Os Sex Pistols aprontaram mais e existem livros a respeito deles, de sua criação, ou de Malcolm McLaren, o Punk Rock. Deixou muita pouca coisa registrada, entre eles Never Mind the Bollocks Here’s the Sex Pistols e The Great Rock’n’Roll Swiddle. Existem vários discos piratas como um gravado no Texas chamado Welcome to the Rodeo.
Uma ruptura existente entre a selvageria/música, política/cultura e a cidadania/direitos. Nada existe dentro de um contexto, nem pode existir, se a fórmula é a crítica e o ideal se tornou muito violento. A imprensa acabou se tornando a maior aliada do movimento, pois a cada crítica e cobertura, maior era a quantidade de fãs espalhados pelo resto do mundo. O rock precisava de uma mudança sim, é verdade, mas os Pistols fizeram mais que isso abriram um caminho sem fim, rasgaram todo um passado, recriaram a selvageria musical. Nunca imaginariam que isso fosse acontecer, mas aconteceu. Uma fórmula criada para agredir alguém, ou para seguir firme, isso não se sabe. O tufão passou e mudou tanto que nada mais poderia ser como era antes. E deles surgiram novas bandas, inspiradas nos dizeres agressivos de músicas como Pretty Vacant, God Save the Queen, Anarchy in the UK, Holiday in the Sun.
Johnny Rotten andava com camisetas de bandas de rock’n’roll pintadas sobre seus logotipos. Frases como I hate! (eu odeio). A banda conheceu Ronald Biggs, aquele ladrão do trem pagador, do qual foi um dos atores do filme The Great Rock’n’Roll Swiddle. A história pode até parar por aqui, pois bandas descendentes dos Sex Pistols como P.I.L. não podem ser levadas a sério. E o que dizer de pessoas como Freddie Mercury, do Queen, banda odiada pelos Sex Pistols, a qual ele declarou que por diversas vezes conversou e até ajudou Sid Vicious em produções musicais e que Sid dizia que jamais alguém poderia vê-los juntos e que Sid era muito vaidoso, ficava horas em frente ao espelho, arrumando os cabelos.

The Clash: O Clash é uma outra banda famosa pelo movimento inglês, formado por um ex-integrante dos 101’ers, uma banda formada por Joe Strummer (guitarra e voz) e que após ver os Sex Pistols na Cervejaria Nashville, se apaixona pelo som e atitude da banda. Assim decide formar sua própria banda, com os ideais do movimento que estava surgindo e aliado a seu próprio estilo. Assim, surge o The Clash, que conta também com Mick Jones (guitarra), Paul Simonon (baixo), ex-integrantes de uma banda chamada London SS. E na bateria Terri Chimes, que logo seria substituído por Nick Topper Headon.
O punk se multiplica tanto que a CBS (potente multinacional) contrata o Clash, primeira banda punk a entrar numa grande gravadora. Sai o primeiro compacto, White Riot. Nesta época, muito tumulto envolve a banda, dentro e fora dos palcos, inclusive Simonon e Headon respondem processos judiciais por atirarem em pombos com uma espingardinha de tiros de chumbinho. Essa época ficou registrada num filme chamado Rude Boy.
As letras do Clash são muito politizadas. Falam dos russos em Give’em Enought Rope, algo do tipo “dê-lhes uma corda e eles se enforcam sozinhos”. Na música White Riot, eles falam das pessoas ricas que têm o poder em suas mãos e o dinheiro para comprar mais poder. Então, eles pedem uma revolta branca.
A própria sociedade cria uma imagem péssima do Clash, que por sua vez respondem “que falam sobre o mundo que os afeta, somos contra o fascismo e racismo. Nossas músicas são violentas e pregamos nelas o que quisemos, pois não somos uma banda qualquer, ridículas como Boston e Aerosmith”. Isso faz a crítica duvidar se eles têm uma guitarra ou uma metralhadora nas mãos.
A essa altura as atitudes violentas da banda e a política nas letras criam um clima muito ruim, principalmente porque os Sex Pistols implodem-se em seus próprios problemas, deixando o Clash como principal banda do movimento. Com isso, eles são obrigados a excursionar aos Estados Unidos para acalmar a Inglaterra. Não agüentando a pressão, o empresário Bernie Rhodes pula fora e ainda processa a banda.
O Clash lançou mais dois discos: London Calling, em 1980 e Sandinista, em 1981. Somente agora o mercado americano abre as portas ao Clash, que a esta altura mudou muito o som, incluindo outros ritmos à banda. Sandinista é uma grande mostra dessa mudança: um disco triplo, enquanto London Calling um disco duplo.
Nos shows, Jones cantava estar cheio dos EUA, aplaudido pelos jovens americanos que estavam na mesma situação. Isso fez a imprensa americana criticar em muito a banda, dizendo que isso é coisa de inglês, apesar da gravadora e do próprio povo inglês pedirem ao Clash para maneirar no teor político das letras e das declarações dadas pela banda.
Para o movimento punk, o Clash virou traidor número um, pois Sandinista e London Calling, afastam as guitarras e a violência, abrindo portas aos ritmos jamaicanos, negros, valsa e uma fronteira que o movimento abomina.
Em um show da banda em Hamburgo, 1980, Joe Strummer quebra sua guitarra na cabeça de um fã, enquanto a platéia pedia White Riot, eles não decidiam se tocava ou não, um fã mais exaltado subiu ao palco para reclamar e levou o troco. É a própria proposta da banda que vai sendo sugada pela própria traição. Apesar de que em um tempo, os membros do Clash passaram a pregar sua música como rock, os estilos criados para suas músicas eram conseqüências, e os punks tinham de entender isso. Na verdade o que os punks não entenderam é que o movimento foi uma coisa e as bandas vieram para apoiá-lo, mas o estilo musical se fortaleceu e, logicamente, em alguma parte à frente, não haveria espaço num mesmo lugar para a música punk e o movimento. Então, dividiu-se. Alguns membros do movimento ainda tentaram levar a verdadeira música junto ao movimento. O que eles nunca se conformaram foi com sucesso internacional que bandas como o Clash conseguiram. Se o Clash mantivesse aquela proposta do início da banda, os punks estariam mais contentes, pois alegavam que o Clash poderia explorar ainda mais o ideal punk e levá-lo ao conhecimento do mundo. Não foi o que aconteceu. Não que a fama tenha subido à cabeça. É que chegaria uma época em que não tinha mais como conciliar as duas coisas e a própria pressão que cairia sobre eles com o fim dos Sex Pistols e a idéia que o punk estava morrendo, levaram a abandonar o barco e passar uma borracha no passado.
O sucesso começa a ser inevitável, Sandinista é considerado pela revista Rolling Stone o melhor disco de 1981. Strummer exige que a gravadora venda os discos triplos e os duplos a preço de discos comuns, isso faz crescer o sucesso da banda.
Em 1982 sai Combat Rock, que logo vai para as paradas de sucesso. Quem sabe, comercialmente o mais famoso do Clash. Should I Stay or Should I Go toca nas rádios, junto a Rock the Casbah.
Várias vezes membros do Clash foram presos, mas a música deixava-os livre. Os próprios membros diziam isso. E quem sabe o Clash foi a salvação deles. Assumindo isso, Strummer uma vez declarou: “A música nos salvou da cadeia”.
O Clash sempre foi uma banda política, como os Pistols. Surgiram do movimento punk e, ao contrário dos Pistols, o Clash não naufragou no movimento. Ao contrário, embarcou num circuito voltado ao underground e, apesar de todas confusões, se transformaram em mártires, não imortalizados como Pistols foram, mas tiveram sua influência muito grande na estrutura punk. São considerados por muitos mais importantes que os Sex Pistols. Musicalmente, pode até ser, pois trouxeram a música às ruas, mas em termo de história... Bem, essa já é uma outra história...
O movimento punk serviu para as bandas da terceira geração do heavy metal como um trampolim, um apoio, pois aqueles rotineiros solos ficaram de lado, as músicas encurtaram e se tornaram mais pesadas.
Houve uma tendência de bandas com uma carga menor, tipo fim de festa, mas famosas pelo meio punk mundial. A europa teve grandes representantes. Países como a Finlândia trouxeram grandes bandas do gênero. Outras bandas que surgiram foram UK Subs, Chelsea, Generation X, Anti-Pasti, Anti-Nowhere League, Adicts, Black Flag, 4-Skins, Infra Riot entre tantas outras.
Em breve, Punk no Brasil

sábado, 17 de dezembro de 2011

Korzus, de guerreiros a heróis do metal




                         Fotos extraidas do site www.korzus.com.br

   Conheci o Korzus no SP Metal II, esta época ia a tudo quanto era show de banda nacional, ou seja, eu vi, mesmo à distância o Korzus nascer e hoje dizer que esse pessoal venceu. Pode não ter o sucesso de um Iron Maiden, mas estão lá onde estão por mérito e sei de uma coisa, não deve ter sido fácil porque a estrada do rock tem muitas curvas e cobra caro manter-se nela. O preço cobrado ao Korzus está mais do que pago, porque mais de 25 anos de carreira, somente gigantes alcançam. E é por isso que vocês fazem parte da história que irei contar agora.
   Como muitas bandas de rock o Korzus também nasceu em um colégio, com Marcello Pompeu e Silvio Golfetti para participarem de um festival de música, este festival também participou outra banda que tocava o baixista Dick.
   Após algumas idas e vindas, foram convidados pela Baratos Afins, para participarem do SP Metal 2, junto às bandas Performances, Abutre e Santuário. O Korzus participou com as músicas Guerreiros do Metal e Príncipe da Escuridão. E contava nesta época com Mercello Pompeu (vocal), Silvio Golfetti (guitarra), Luis Maurício (bateria), Dick (baixo e Eduardo Toperman (guitarra). O estilo já se destacava das demais bandas e seu Black Metal foi crescendo. As letras ganhavam corpo em português: Na escuridão o assassino caminha / procurando pessoas com as almas perdidas / para satisfazer seus maníacos desejos / e continuar o que já começou... (Príncipe da Escuridão).
   Lembro-me de ter visto o Korzus em 1985 no Lira Paulistana (O Lira era um pequeno teatro na Rua Teodoro Sampaio em Sampa) e o som estava alto e embolado, e estávamos bem na frente, no primeiro degrau.
   O segundo registro do Korzus foi um disco ao vivo, gravado no Sesc Pompéia em 1985, mas lançado somente no ano seguinte, encabeçado pelo clássico guerreiros do metal. A idéia veio de Celso Barbieri, que convenceu o Chicão, proprietário da Loja Devil Discos, que estava investindo na gravadora. Com contrato assinado, lançaram o LP, que mais tarde, relançado em CD teve diversos bônus gravados entre 1987 a 2001).
   Inicia nesta época algumas modificações Eduardo e Mauricio saem. Zema assume a bateria e sai o disco Sonho Maníaco em 1987, destacando-se no cenário Black Metal nacional, ganhando até o título de Slayer brasileiro. Puxado por músicas como Anjo do Mal: Demônios e entidades anunciam sua vinda / e eu os conduzo para o meu mundo / atordoantes delírios destroem com o bem / para que o anjo do mal possa reinar. O disco não tem uma gravação muito boa, mas ele começa a ter boas vendas.
   O baque vem com o suicídio do baterista Zema que deixa a banda destroçada, mas reagem com a entrada de Betão.
   No ano seguinte o grupo começa a enxergar no mercado externo uma grande possibilidade de sucesso e passam a compor em inglês e é a partir daí que o profissionalismo começa a tomar conta da banda. Lançam Pay For Your Lies em 1989, Mass Illusion (1991), antes haviam gravado seu primeiro vídeo-clipe para a música Agony e finalmente o rumo da banda começa a mudar.  Em 1992 são convidados para uma turnê européia que incluem na rota: Itália, Alemanha, Inglaterra e França. Tocam com Sepultura e Agnost Frost.
   A banda tem o prazer de tocar no Marquee, na Inglaterra e shows são realizados no Brasil, mas outra baixa, Betão sai e deixa a vaga para Ricardo Confessori (Angra) que mais tarde sai e entra Fernandão.
   A banda começa a mudar os rumos de seu som, mais adepto ao Thrash metal. KZS de 1995 é lançado, Soldado está na guitarra, nova turnê internacional, desta vez Estados Unidos, onde tocam juntos a Biohazard e SOD.
   Em 1998 tocam no Monster of Rock brasileiro, em São Paulo já com novos membros: Heros Trench e Rodrigo Oliveira. Lançam o show em cd em 2000.
   2004 a banda volta ao topo com novo disco: Ties of Blood. Este disco tem a participação de Andréas Kisser e André Matos. Este disco inicia a fase em uma nova gravadora, a Voice Music (representante na Europa: AFM). Vídeo Historia é lançado em 2006 com diversas cenas de turnês internacionais, vídeo-clipes, shows, um apanhado geral da banda.
   Depois de seis anos, em 2010, o Korzus lança Discipline of Hate. Considerado como o grande trabalho da banda pela crítica especializada, Discipline of Hate, é maduro, forte, pegado. A capa é uma pintura. Lançamento mundial junto à nova turnê internacional. No retorno ao Brasil em 2011 a banda foi convidada a participar do Rock in Rio IV, no palco Sunset, além de juntar-se a artistas no projeto Punk Metal Allstar, como João Gordo e membros do Dead Kennedys.
   O Korzus tem isso e muito mais em seu currículo, além de ter tocado ao lado de diversas bandas como Overkill, Destruction, Sepultura...
   Hoje a banda conta com a seguinte formação: Marcello Pompeu, vocal. Heros Trench, guitarra. Antonio Araújo, guitarra. Ricardo Dick, Baixo e Rodrigo Oliveira, bateria.
   A banda fez o que pode, continua na ativa mostrando que a estrada só trouxe benefícios a uma banda que sonhou em ser grande e acordou uma guerreira do metal nacional.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Black Sabbath, o reino do metal







   Quando comecei a ouvir rock, em meados de 1979/1980, tinha duas grandes bandas que gostava e acho que a maioria dos roqueiros de minha época eram assim, Queen e Kiss, depois o AC/DC. Mas confesso que, não sei o real motivo, mas tinha um pé atrás com o Sabbath, que hoje é uma das minhas bandas preferidas, este sim eu sei porque, pela competência, ritmo, letras, importância... Então, Black Sabbath, esta é a sua história.
   Era difícil nos anos 60 alguém chamar a atenção com alguma coisa, tudo estava em mudança, guerras, hippies, política, o homem viajando pela primeira vez à lua... O que então, uns caras cabeludos, da cidade industrial de Birmingham poderia fazer? Música, lógico.  Mas não era uma música qualquer, todos já estavam de saco cheio daquele papo de paz, amor, nuvens, sol...
   Criar riffs diferentes do que rolava, colocar letras que falava do mal e botar o som lá no alto pra ninguém conversar e deixar os locais com iluminação de velas... Pronto! Era isso, estava criado um estilo que revolucionaria e servia de base para muitas bandas depois, quer dizer, até mais de 40 anos depois.
  Tony Iommi, Ozzy Osbourne, Terry Gezzer Buttler e Bill Ward. Esses foram OS CARAS! Mas não foi tão fácil assim, Iommi havia perdido a ponta de dois dedos da mão direita, e teve de se adaptar, pois era canhoto, Ozzy vivia com problemas familiares, no emprego, com a policia. Seu pai chegou a dizer que o melhor lugar pra ele seria numa cadeia inglesa. Ward e Buttler eram mais sossegados, mas Buttler tinha “o lado negro” da coisa, tinha uma adoração por magia.
   Com o pouco sugestivo nome de Polka Tulk Blues Band, encurtado apenas para Polka Tulk e mais tarde Earth, resolveram que tinham de chocar e Black Sabbath foi escolhido, o nome vem do filme de Boris Karloff, Black Sabbath – As três máscaras do terror.
   Lógico, chamaram a atenção, e foi com a Vertigo Records que assinaram contrato e lançaram numa sexta-feira, 13 de fevereiro de 1970, seu primeiro disco, gravado em apenas 1 dia. E que dia... Clássicos como o título, N.I.B., The Wizard... De cara escuta-se o som de chuva com trovões e sinos, isso já era assustador para a época, mas o Sabbath queria mais, na capa, escondido no meio da floresta, um moinho sombrio com uma bruxa já diziam para que eles viriam e o sucesso foi tão grande que logo após sairia seu segundo disco Paranoid (1970) e o disco inteiro é de clássicos: War Pigs, Paranoid, Iron Man. As letras eram diferentes, mas aquele impacto do primeiro disco foi reduzido. A música Paranoid é aquela obrigatória em todos os shows e um dos riffs mais famosos da história. A música Iron Man, quase 40 anos após, virou trilha do filme Homem de Ferro.
   1971 e o Sabbath lança Master of Reality, músicas como Sweet Leaf, Children of the Grave. A capa tras apenas o nome da banda e o nome do disco, no Brasil a capa eram com letras coloridas.
   Apesar de Paranoid ser o mais famoso disco do Sabbath, foi com Vol. 4, de 1972 que eles emplacaram de vez, nota-se uma mudança leve no estilo da banda, quem sabe uma influência mais progressiva. Música como Changes, sucesso esmagador da banda, uma balada onde Ozzy toca um instrumento chamado mellotron e o piano (por Gezzer Buttler) que conduz a música. Outros clássicos: Snowblind, Tomorrow’s Dream, Supernault.
   Em 1973 é lançado Sabbath Blood Sabbath e sua aterrorizante capa de um homem agonizando numa cama cheio de demônios ao seu redor (segundo Iommi, o Sabbath nunca foi consultado sobre as capas dos discos, era coisa da gravadora mesmo). Rick Wakemann tocou como membro convidado apenas na música Who Are You,  mas sequer foi algum dia “Spock Wall” como dizia algumas revistas especializadas da época aqui no Brasil.
   O clássico Sabbath Bloody Sabbath teve algo fora das gravações, o envolvimento de todos da banda com drogas e foi com este clima que entraram em estúdio em 1975 para gravarem Sabotage, e se mudaram para a gravadora Warner. Músicas como Hole in the Sky e Sympton of the Universe viraram clássicos, o disco tem uma sonoridade diferente, e tem Supertzar, que lembra cantos gregorianos.
   A partir dai Iommi começa a pender para o Jazz Rock e dois discos são lançados, no meio de uma saída de Ozzy e seu retorno: Technical Ecstasy (1976) e Never Say Die (1978). Mas Ozzy foi oficialmente despedido pelo excesso de álcool e drogas.
   Ronnie James Dio foi chamado para substituir Ozzy e o astral do Sabbath muda. Heaven and Hell, clássico, foi lançado em 1980, o som mais pesado e consistente e mais tarde é lançado, em 1981, Mob Rules, mas nas turnês de Heaven and Hell, outra baixa, com provlemas pessoais e de saúde, Bill Ward abandona a banda e em seu lugar entra Vinny Ápice (irmão de Carmine, famoso baterista que tocou com tudo que é musico que a gente possa imaginar). Nas turnês dos dois discos, é gravado Live Evil, lançado em 1983 e logo após a saída de Dio e Vinny. Dio alega que Iommy e Buttler mexeram nas mixagens deixando o vocal baixo. Realmente a gravação não é boa, ainda mais que Ozzy lança Speak of the Devil, com uma qualidade de gravação invejável.
   No lugar de Dio entra, quem Ian Gillan, quem diria? Um dos pilares do Deep Purple e somando a volta de Bill War, o Sabbath grava o pesadíssimo Born Again, apesar de não ser eleito pela crítica como um grande disco, é de longe no Brasil, um álbum amado. Tem clássicos em cima de clássicos, o disco é algo completamente fora dos padrões do Sabbath, tanto que Gillan perdeu por completo sua voz nas turnês.
   Com a saída em 1984 de Gillan e também de, novamente, Ward, o Sabbath começa uma via cruzes com vocalistas, são muitos: David Donato, Tony Martin, Glenn Hughes. Mas é com Tony Martin que Iommi melhor adapta o som do Sabbath, lançando alguns bons discom como TYR em 1990. Mas Dio retorna e grava Dehumanizer em 1990e excurciona pela primeira vez ao Brasil.
   Mas antes, em 1986 sem Geezer Buttler, Iommi lança Seventh Star, o que seria um disco solo seu, mas por imposição da gravadora, teve o nome Black Sabbath, na capa e contou com um time de feras, com Glenn Hughes e Eric Singer.
   Em 2009 Ozzy vence um processo judicial contra Iommy pela posse do nome Black Sabbath, um dos motivos da criação da banda Heaven And Hell (mais tarde com a volta de Dio e Vinny, mas com a morte de Dio em 2010 tudo voltou ao “nada”).
   Em 2006 o Sabbath entrou para o Hall da fama do Rock ´n´roll e teve um retorno com formação original e o lançamento de um disco ao vivo: reunion, em 1998.
  O Sabbath é considerado a banda que influenciou e criou os riffs de heavy metal e também as letras que falam de magia negra, demônios, black metal. O metal nunca seria o mesmo sem esta que é a principal influência do heavy metal em todo o mundo.
    

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Led Zeppelin, a perfeição dos magos


   Vou iniciar contando histórias de bandas que em algum momento tiveram algo haver comigo, não a história em si, mas situações  ou sensações ao ouvir uma música, lembranças das capas e isso me faz lembrar quando tive meu primeiro disco do Led Zeppelin, os dois primeiros, originais de 1969, troquei na Baratos Afins por um disco importado de uma banda punk chamada Anti-Pasti. Lembro-me que era uma tarde chuvosa em Sampa e fiz de tudo prá não molhar as capas... Bem, vamos lá.
     A banda inglesa Led Zeppelin, um dos grandes nomes da música de todos os tempos, e qual é o estilo desta banda? Muitos dizem que são os pais do heavy metal, que foram a base deste estilo, mas seus próprios membros dizem o contrário, Rober Plant cita o Blue Sheer mais heavy que o Led, mas se analisármos gerações do heavy metal, nós vamos buscar bases pesadas em sua música, e antigamente, tudo era rock e não havia rótulos.
   Foi isso que pensou um jovem guitarrista, em Londres, 1968, que a todo custo buscava nomes para sua banda, até então, os Yardbirds, que após foi chamada de New-Yardbirds até chegar ao Led Zeppelin, nome sugerido por Keth Moon, baterista do The Who. Mas não foi fácil recrutar nomes para o novo projeto de uma banda que já tinha seu lugar ao sol. Todos conheciam os Yardbirds e Jimi Page e seu baixista Chris Dreja tinham um contrato de disco a cumprir, primeiramente tinham de arrumar um vocalista, mas foi com a recomendação de Terry Reid, um cantor que não aceitou o posto, veio Robert Plant que aceitaria caso seu amigo John Bonham viesse junto, e não deu outra os ex-membros da Band of Joy estavam novamente juntos, mas foi com a saída de Dreja e a entrada de John Paul Jones, baixista, tecladista, compositor e arranjador que a banda se trancou em uma sala alugada e passou horas tocando para ganhar ritimo até que em 1969 saiu o primeiro disco da banda chamado apenas Led Zeppelin e continha na capa um zepelin em chamas próximo a torre de desembarque, dentro, um som polido e com um vocalista com timbres agudos, bateria muito pesada, acima da média e foi essa a marca de Bonham, bater cada vez mais pesado. Deste disco um dos pontos altos é Dazed And Confused, que mais tarde incluiria o solo de guiitarra com arco de violino. O Led, apesar de suas músicas cheias de pegadas e criatividade, sempre foi perseguido pelo fantasma do plágio, e foi assim durante anos, muitas músicas você encontrará em bases de outras bandas da época e de tempos atrás, um dos exemplos clássicos é de Whole Lotta Love, que mais tarde foi incluido o registro de Willie Dixon, que ganhou ação judicial como autor das bases desta música que abria o segundo disco da banda (esta era uma capa que fiquei impressionado, prá mim, tem algo a mais que apenas aquela capa marron com tripulantes do zepelin e da banda e dentro, aquela pintura de um coliseu com o nome dos membros grafados nas escadarias com muita luz). Uma outra coisa que sempre envolveu o Led Zeppelin, além do ocultimo, foi o fato da banda ter abandonado seu país e se estabelecido de vez nos Estados Unidos, o Led não gostava de como eram tratados pelos repórteres, isso também de deveu aos altos impostos cobrados pelos ingleses  e por muito tempo a banda ficou fora, sem um show sequer na Inglaterra, viajando apenas em diversos lugares americanos. Vale-se dizer de Peter Grant, o quinto Led, o empresário “pai” da banda e autor de diversas façanhas que levaram a banda a ter o sucesso merecido.
   Led Zeppelin II, nos mostra uma banda mais coesa, tem um arrasa quarteirão em, Whole Lotta Love e cai num astral completamente parado em  What Is and What Should Never Be, é impressionante como os estilos se diversificam de um trabalho a outro, a guitarra afiada de Page e a bateria insandecida de Bonham no solo de Moby Dick. Há gaitas em Bring it on Home que duela com a voz de Plant. Este disco foi o primeiro do Led a alcançar o primeiro lugar no Reino Unido e Inglaterra.
    O Terceiro disco não demorou, mas a decepção sim, com uma capa cheia de desenhos estranhos, figuras soltas em toda capa, dupla por sinal, embalava um som completamente acústico, diferente do que os fãs estavam acostumados a ouvir, apesar de abrir com Immigrant Song, o restante é feito com muito violão acústico, harpas, violinos e um cheiro forte de folk. Este foi o disco do Led que menos vendeu, lançado em 1970.
   No fim 1971 o Led lança aquele que colocou a banda em destaque no mundo. O disco não tinha nome na capa, o que causou um mal estar com a gravadora, no encarte o Led criou quatro simbolos, pedido por Jimmy Page, que a cada dia mais estava envolvido em ocultismo e levava sua paixão por Alister Crowley (ocultista inglês). Jimmy Page carregou seu simbolo por tempos: Zo-so.
   O disco está recheado de clássicos: Black Dog, Rock ´n` Roll e uma das músicas mais famosas da história Stairway to Heaven.  Como disse antes que o Led esteve envolvido em plágios, escutem Taurus, da banda Spirit e tirem sua conclusão. Estima-se que Led Lepelin IV vendeu cerca de 40 milhões de cópias em todo o mundo.
   Este disco tornou o Led um dos dinossauros do rock, ao lado de bandas como Pink Floyd, e há uma história que diz que as bandas eram rivais e não tocavam juntos em regiões próximas.
   Houses of the Holy, de 1973 tras músicas mais longas e uso de sintetizadores, arranjos de cordas feitos por John Paul Jones. Neste disco há clássicos como D´yer Mak´er, The Song Remaisn the Same (que dá nome ao filme) e a bela No Quarter.
   A turne de lançamento deste disco, lotou por três noites consecutivas o Madison Square Garden. E que serviu de base para o filme, lançado em 1976, The Song Remains the Same. Que mostra a banda em seu habitat natural: o palco, fora isso o filme inicia com cada um dos membros, representando o que mais gostava de fazer na vida: Plant com a familia em sua fazenda, Bonham um adorador de carros de corrida. Jimmy Page no solo de Dazed And Confused mostra seu lado sombrio no solo de guitarra com arco de violino, escala uma montanha e passa por diversas transformações até chegar ao velinho da capa do disco IV. John Paul Jones mostra todo seu conhecimento tocando orgão.
   Uma nova jogada do Led, em 1974, a criação de seu próprio selo Swan Song (canto do cisne) e de cara, no ano seguinte lançam Physical Graffiti, um album duplo, que chamava a atenção pela capa, um prédio de londres onde cada janelinha representava algo ou alguém e a capa abria e fechava, isso fazia que a cada momento as janelinhas estavam abertas ou fechadas. Neste ano o Led Zeppelin foi considerado a melhor banda do mundo (este selo gravou discos de bandas como Bad Company).
   A prtir de então o Led começa a entrar num inferno astral, Plant sofre um acidente de carro, a banda fica de molho e começa a produção do filme e a trabalhar no novo disco, Presence, em 1976, mas o golpe para Plant foi a morte de seu filho Karac, vitima de uma doença que atingiu seu estômago. O Led parou novamente.
   A banda volta no fim de 1978 para gravar In Through the Outdoor que tem nada menos do que 9 capas em ângulos diferentes para um rapaz bebendo num bar. A música All my Love é dedicada ao filho de Plant, Karac. Lançado em setembro de 1979.
   O Led lutava esta época contra o punk que os consideravam uma peça chave do capitalismo musical, ao lado de Pink Floyd e Yes. Lutava também contra os 10 anos de estrada e o cansaço da estrada, lutava contra o passado e contra o futuro, mas perdeu sua maior batalha, a morte de John Bonham em 1980, num ensaio na casa de Page. Foi o fim, não havia mais condições de lutar contra a maior fatalidade da vida: a morte. E assim foi a vida desta banda, que pós morte ainda teve lançamentos como Coda, em 1982. Restos de gravações de estudios de toda a carreira da banda. Nos anos 90 algumas copilações ao vivo e um novo DVD, duplo, que continha muitas imagens raras desta banda que não se deixava gravar fora dos padrões da pirataria, Peter Grant e equipe, antes do público entrar nos shows, fazia uma varredura em todos pontos para ver se haviam microfones e gravadores escondidos. O Led tem pouco material lançado tanto em video, como shows piratas.
   Nos anos 90 Page se reencontra com Plant e grava alguns albuns. O Led se encontra no Live Aid, evento criado por Gedolf para arrecadar fundos para a África, com Phil Collins na bateria, em 1985  e em dezembro de 2007, faz um show memorável no Arena em Londres, com Jason Bonham, filho de John, na bateria, inclusive tocaramm Stairway do Heaven, que não tocavam a anos. Apesar de tudo John Paul Jones volta a tocar junto a Plant e Page, coisa que não acontecia desde o fim do Led.
   Cada membro do Led seguiu um estilo diferente, mas nenhum tão próximo quanto Robert Plant que em algumas situações gravou com Jimmy Page e reviveram, juntos, a saga da maior banda de rock que estes pobres mortais conheceram.