domingo, 18 de dezembro de 2011

O Punk Rock e suas bandas



Revoltados com uma política de desemprego geral na Inglaterra, alguns jovens saem às ruas em protesto. Suas roupas pretas e o cabelo raspado ou moicanos, as mulheres com cabelos coloridos e fortes maquiagens.
A pobreza e a revolta desses jovens marcaram mais que uma geração. Iniciaram uma ruptura na história da humanidade. Foram tão importantes para os anos 70 quanto os hippies para os anos 60.
Da revolta urbana à música não tardou. Bandas como Led Zeppelin, Pink Floyd, Jethro Tull e Yes não representavam suas revoltas por vários motivos, entre eles as letras não politizadas e principalmente aqueles exaustivos solos de teclados, guitarras, bateria. A própria atitude dos roqueiros era diferente, uma ideologia herdada dos hippies que não era compatível com toda a revolta contida nos punks.

Siouxsie and the Banshees: Steve Severin (baixo), Marco Pironi (guitarra), Sid Vícious (bateria) e Sioux (vocal); Sid foi substituído por Budgie na bateria. Grande nome no Festival do 100 Club. Sioux era grande amiga dos Pistols. Uma das bandas que mais disco gravou no movimento Punk.

Damned: Assim como Sioux foi fundo no punk cru e o clima teatral foi mais representativo. A banda tinha Dave Vanian (vocal), Brian James (guitarra), Captain Sensible (baixo) e Rat Scabies (bateria). Iniciou em 75 e seu término oficial se deu em 1978.

Stiff Little Fingers: Irlandeses que iniciaram a banda em 78 com Jake Bruns (guitarra), Henry Cluney (guitarra), Ali Mcmordie (baixo) e Jim Reilly (bateria), colocando um álbum Nobody’s Heroes de 1980 nas paradas inglesas. A banda terminou em 1982. Teve uma proposta política muito forte e falava das classes trabalhadoras.

Buzzcocks: Howard Devoto (vocal), Pete Shelley (guitarra), Steve Diggle (baixo) e John Maher (bateria). Um dos participantes de um grande festival no 100 Club. A maioria das letras falava sobre sexo adolescente.

Exploited: Escoceses como Wattie (vocal), Smeeks (baixo), Fraz (guitarra) e Hugo Burnham (bateria) formaram uma das bandas mais poderosas do estilo e que muitos dizem que aderiu ao movimento “Oi” ou até que seu som era hardcore. Um dos discos mais antológicos e que marcou o movimento com a frase Punk’s not dead, ou seja, o punk não morreu, um eterno hino dos punks, a banda até 2009 mantinha-se ativa em shows.

Sham 69: Jimmy Pursey (vocal), Albie Maskell (bateria), Andy Nightingale (guitarra), Mark Cain (baixo). Famosos pela violência nos shows, a banda terminou em 1980.

MC-5: Banda norte americana formada por Waine Kramer (guitarra), Fred Smith (guitarra), Rob Tyner (vocal), Michael Davis (baixo) e Dennis Thompson (bateria). O som da banda era mais hard, considerados pais do punk-rock mais pelas letras politizadas e atitudes violentas no palco.

Ramones: Banda americana formada por Joey Ramone (vocal), Johnny Ramone (guitarra), Tommy Ramone (bateria) e Dee Dee Ramone (baixo), os Ramones estavam longe do núcleo inglês, muitos não os consideram punks e muitos os consideram a primeira grande banda punk, mas o que não se pode negar é que foram os primeiros a usar os compassos e o ritmo alucinado do punk. A potência das músicas era a marca registrada da banda, além das músicas curtas, com guitarras secas e sem solos. O Ramones é hoje uma das bandas mais amadas da história do rock. Gravaram verdadeiros clássicos como Do You Remember Rock ‘n’ Roll Radio, Rock ‘n’ Roll High School, Psycho Therapy, Pet Sematary, Sheena is a Punk Rocker. Pelas mortes de Joey, Dee Dee e Johnny, a maior influência punk de todos os tempos se dissolveu e reina no lugar de direito: na história do rock ´n´ roll.

New York Dolls: Também americanos. Dizem ser um dos precursores do punk, mas a banda pregava um visual muito afeminado, apesar de não serem gays, mas o nome era o que queriam: chocar! Mas ficou estranho para um dos pais do punk, apesar da também violência dos shows. Formado por Killer Kane (baixo), Sylvain Sylvain (guitarra), Mister Johnny Thunder (guitarra), David Johansen (vocal) e Jerry Nolan (bateria). Encerrou as atividades em 1977, com três discos. Porém, em 1991 Thunder morreu de overdose de heroína, seguido, por Nolan, um pouco mais tarde, vítima de um ataque do coração. Killer Kane também se foi. O New York Dolls retorna para uma série de shows, inclusive em São Paulo, no Hangar 110, em 2008 com o que restou da formação original ou seja, David Johansen e Sylvain Sylvain.

Sex Pistols: Johnny Rotten (vocal), Steve Jones (guitarra), Paul Cook (bateria), Glen Mattlock (baixo) este último substituído por Sid Vícious no baixo porque gostava dos Beatles, Sid que havia tocado bateria para a banda de Sioux no festival do 100 Club.
Em termos de história, o Sex Pistols, acredito, seja a banda que mais se aproxime da perfeição, se é que tudo contado seja verdadeira e não lenda. Os Pistols racharam, literalmente, o rock, ou melhor, o punk ao meio. Agressivos, marginalizados, subversivos e muito mais: cada dia para os Pistols era um dia diferente, muitas confusões marcaram a banda que durou muito pouco, fizeram, em termos de música, também, muito pouco, mas em muito pouco tempo, eles revolucionaram um meio de vida, uma revolução que iria mudar toda a história do mundo do rock. Sem sombra de dúvidas os anos 70 foram marcados pela iniciativa musical e revolucionária dos punks europeus, principalmente os ingleses.
Os Pistols já demonstravam revoltas a partir dos primeiros acordes das guitarras, acompanhadas de letras do tipo “eu sou um anticristo, eu sou um anarquista... não há futuro para você...” (Anarchy in the UK).
Algumas coisas marcaram sua história como a famosa entrevista para uma TV inglesa, no programa de Bill Grundy, onde o apresentador faz perguntas sujestivas sobre o dinheiro que eles ganharam da gravadora e se esse dinheiro não seria uma contradição à proposta da banda. E a resposta vem com alguns palavrões, falando que o dinheiro foi bem aplicado em “biritas”. Grundy também insinua a respeito de Siouxsie Sioux. Steve não gosta e novamente palavrões: - “Seu porco, seu velho imundo!” Grundy continua a provocar, dizendo que eles ainda têm mais cinco segundos para dizer o que quiserem. - “Seu sujo, filha da mãe”, diz Steve. - “Mais, eu quero mais!” Provoca Grundy. - “Que puta cara canalha, porco escroto!” São as palavras ditas por Steve.
A Inglaterra se envergonhou diante da televisão, que pela primeira vez os palavrões são ditos. Bill Grundy é notícia em todas páginas de jornal, Sex Pistols também são, muitos moralistas ingleses dizem ter quebrado o aparelho de tv.
Os Sex Pistols era notícias também nas viagens, certa vez uma aeromoça declarou, em Amsterdã, que os Pistols eram as pessoas mais nojentas que já conhecera. “Um deles chegou até a vomitar no corredor do avião, outros nos chamava de nomes obscenos”.
Foram atacados, certa vez, por militantes da extrema direita, com facas e canivetes.
Uma das frases célebres de Johnny Rotten, em um show numa única turnê americana, em Winterland, São Francisco. “Vocês já se sentiram que estão sendo explorados”? Sid Vícious, no Texas, afirma que “todo cowboy é viado” e leva uma garrafada na boca.
Assinam contratos com várias gravadoras, entre elas A&M, EMI, VIRGIN, em todas eles arrumaram confusão. Várias vezes foram envolvidos em problemas judiciais. A principal foi a morte de Nancy, namorada de Sid Vicious, que sempre alegou inocência e a própria morte de Sid, por overdose.
Os Sex Pistols aprontaram mais e existem livros a respeito deles, de sua criação, ou de Malcolm McLaren, o Punk Rock. Deixou muita pouca coisa registrada, entre eles Never Mind the Bollocks Here’s the Sex Pistols e The Great Rock’n’Roll Swiddle. Existem vários discos piratas como um gravado no Texas chamado Welcome to the Rodeo.
Uma ruptura existente entre a selvageria/música, política/cultura e a cidadania/direitos. Nada existe dentro de um contexto, nem pode existir, se a fórmula é a crítica e o ideal se tornou muito violento. A imprensa acabou se tornando a maior aliada do movimento, pois a cada crítica e cobertura, maior era a quantidade de fãs espalhados pelo resto do mundo. O rock precisava de uma mudança sim, é verdade, mas os Pistols fizeram mais que isso abriram um caminho sem fim, rasgaram todo um passado, recriaram a selvageria musical. Nunca imaginariam que isso fosse acontecer, mas aconteceu. Uma fórmula criada para agredir alguém, ou para seguir firme, isso não se sabe. O tufão passou e mudou tanto que nada mais poderia ser como era antes. E deles surgiram novas bandas, inspiradas nos dizeres agressivos de músicas como Pretty Vacant, God Save the Queen, Anarchy in the UK, Holiday in the Sun.
Johnny Rotten andava com camisetas de bandas de rock’n’roll pintadas sobre seus logotipos. Frases como I hate! (eu odeio). A banda conheceu Ronald Biggs, aquele ladrão do trem pagador, do qual foi um dos atores do filme The Great Rock’n’Roll Swiddle. A história pode até parar por aqui, pois bandas descendentes dos Sex Pistols como P.I.L. não podem ser levadas a sério. E o que dizer de pessoas como Freddie Mercury, do Queen, banda odiada pelos Sex Pistols, a qual ele declarou que por diversas vezes conversou e até ajudou Sid Vicious em produções musicais e que Sid dizia que jamais alguém poderia vê-los juntos e que Sid era muito vaidoso, ficava horas em frente ao espelho, arrumando os cabelos.

The Clash: O Clash é uma outra banda famosa pelo movimento inglês, formado por um ex-integrante dos 101’ers, uma banda formada por Joe Strummer (guitarra e voz) e que após ver os Sex Pistols na Cervejaria Nashville, se apaixona pelo som e atitude da banda. Assim decide formar sua própria banda, com os ideais do movimento que estava surgindo e aliado a seu próprio estilo. Assim, surge o The Clash, que conta também com Mick Jones (guitarra), Paul Simonon (baixo), ex-integrantes de uma banda chamada London SS. E na bateria Terri Chimes, que logo seria substituído por Nick Topper Headon.
O punk se multiplica tanto que a CBS (potente multinacional) contrata o Clash, primeira banda punk a entrar numa grande gravadora. Sai o primeiro compacto, White Riot. Nesta época, muito tumulto envolve a banda, dentro e fora dos palcos, inclusive Simonon e Headon respondem processos judiciais por atirarem em pombos com uma espingardinha de tiros de chumbinho. Essa época ficou registrada num filme chamado Rude Boy.
As letras do Clash são muito politizadas. Falam dos russos em Give’em Enought Rope, algo do tipo “dê-lhes uma corda e eles se enforcam sozinhos”. Na música White Riot, eles falam das pessoas ricas que têm o poder em suas mãos e o dinheiro para comprar mais poder. Então, eles pedem uma revolta branca.
A própria sociedade cria uma imagem péssima do Clash, que por sua vez respondem “que falam sobre o mundo que os afeta, somos contra o fascismo e racismo. Nossas músicas são violentas e pregamos nelas o que quisemos, pois não somos uma banda qualquer, ridículas como Boston e Aerosmith”. Isso faz a crítica duvidar se eles têm uma guitarra ou uma metralhadora nas mãos.
A essa altura as atitudes violentas da banda e a política nas letras criam um clima muito ruim, principalmente porque os Sex Pistols implodem-se em seus próprios problemas, deixando o Clash como principal banda do movimento. Com isso, eles são obrigados a excursionar aos Estados Unidos para acalmar a Inglaterra. Não agüentando a pressão, o empresário Bernie Rhodes pula fora e ainda processa a banda.
O Clash lançou mais dois discos: London Calling, em 1980 e Sandinista, em 1981. Somente agora o mercado americano abre as portas ao Clash, que a esta altura mudou muito o som, incluindo outros ritmos à banda. Sandinista é uma grande mostra dessa mudança: um disco triplo, enquanto London Calling um disco duplo.
Nos shows, Jones cantava estar cheio dos EUA, aplaudido pelos jovens americanos que estavam na mesma situação. Isso fez a imprensa americana criticar em muito a banda, dizendo que isso é coisa de inglês, apesar da gravadora e do próprio povo inglês pedirem ao Clash para maneirar no teor político das letras e das declarações dadas pela banda.
Para o movimento punk, o Clash virou traidor número um, pois Sandinista e London Calling, afastam as guitarras e a violência, abrindo portas aos ritmos jamaicanos, negros, valsa e uma fronteira que o movimento abomina.
Em um show da banda em Hamburgo, 1980, Joe Strummer quebra sua guitarra na cabeça de um fã, enquanto a platéia pedia White Riot, eles não decidiam se tocava ou não, um fã mais exaltado subiu ao palco para reclamar e levou o troco. É a própria proposta da banda que vai sendo sugada pela própria traição. Apesar de que em um tempo, os membros do Clash passaram a pregar sua música como rock, os estilos criados para suas músicas eram conseqüências, e os punks tinham de entender isso. Na verdade o que os punks não entenderam é que o movimento foi uma coisa e as bandas vieram para apoiá-lo, mas o estilo musical se fortaleceu e, logicamente, em alguma parte à frente, não haveria espaço num mesmo lugar para a música punk e o movimento. Então, dividiu-se. Alguns membros do movimento ainda tentaram levar a verdadeira música junto ao movimento. O que eles nunca se conformaram foi com sucesso internacional que bandas como o Clash conseguiram. Se o Clash mantivesse aquela proposta do início da banda, os punks estariam mais contentes, pois alegavam que o Clash poderia explorar ainda mais o ideal punk e levá-lo ao conhecimento do mundo. Não foi o que aconteceu. Não que a fama tenha subido à cabeça. É que chegaria uma época em que não tinha mais como conciliar as duas coisas e a própria pressão que cairia sobre eles com o fim dos Sex Pistols e a idéia que o punk estava morrendo, levaram a abandonar o barco e passar uma borracha no passado.
O sucesso começa a ser inevitável, Sandinista é considerado pela revista Rolling Stone o melhor disco de 1981. Strummer exige que a gravadora venda os discos triplos e os duplos a preço de discos comuns, isso faz crescer o sucesso da banda.
Em 1982 sai Combat Rock, que logo vai para as paradas de sucesso. Quem sabe, comercialmente o mais famoso do Clash. Should I Stay or Should I Go toca nas rádios, junto a Rock the Casbah.
Várias vezes membros do Clash foram presos, mas a música deixava-os livre. Os próprios membros diziam isso. E quem sabe o Clash foi a salvação deles. Assumindo isso, Strummer uma vez declarou: “A música nos salvou da cadeia”.
O Clash sempre foi uma banda política, como os Pistols. Surgiram do movimento punk e, ao contrário dos Pistols, o Clash não naufragou no movimento. Ao contrário, embarcou num circuito voltado ao underground e, apesar de todas confusões, se transformaram em mártires, não imortalizados como Pistols foram, mas tiveram sua influência muito grande na estrutura punk. São considerados por muitos mais importantes que os Sex Pistols. Musicalmente, pode até ser, pois trouxeram a música às ruas, mas em termo de história... Bem, essa já é uma outra história...
O movimento punk serviu para as bandas da terceira geração do heavy metal como um trampolim, um apoio, pois aqueles rotineiros solos ficaram de lado, as músicas encurtaram e se tornaram mais pesadas.
Houve uma tendência de bandas com uma carga menor, tipo fim de festa, mas famosas pelo meio punk mundial. A europa teve grandes representantes. Países como a Finlândia trouxeram grandes bandas do gênero. Outras bandas que surgiram foram UK Subs, Chelsea, Generation X, Anti-Pasti, Anti-Nowhere League, Adicts, Black Flag, 4-Skins, Infra Riot entre tantas outras.
Em breve, Punk no Brasil

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